terça-feira, 21 de janeiro de 2014

56 ANOS DA TRAGÉDIA DO MACACOARI







 Coaracy Nunes
 Hildemar Maia
 Hamilton Silva
 e os destroços do avião. 






  



A TRAGÉDIA:Para não utilizar avião do governo, coisa que certamente renderia críticas por parte da oposição, o Deputado Federal Coaracy Monteiro Nunes e seu suplente o Advogado e Promotor Hildemar Pimentel Maia decidiram fretar o avião “Paulistinha”, que pertencia aos senhores Eugênio Gonçalves Machado, Carlos Andrade Pontes e Hamilton Henrique da Silva.sendo este último o piloto da aeronave. O “Paulistinha” era um avião pequeno e leve. Dentre os dez vendidos para a Amazônia, oito já haviam sofrido graves acidentes. Era um aparelho apropriado para treinamento e viagens de curta distância. Hamilton Henrique da Silva era um piloto experiente, que tirou o brevê pelo Aéro Clube de Macapá, uma entidade idealizada pelo Dr. Hildemar Pimentel Maia. A relutância de Hamilton Silva em fazer a viagem foi imediata, visto que a região a que se destinavam, é sujeita a neblina e ventos fortes de inverno ao amanhecer. O Sr. Cláudio Lima, funcionário do SERTTA – Navegação, ponderou que a viagem fosse realizada por via fluvial a bordo do Iate Itaguary, que levaria a rebote uma voadeira e um motor de pôpa de 33 HP. O Iate ficaria na foz do rio Macacoari e o deslocamento até o local da festa seria coberto na “voadeira”. Coaracy Nunes ficou indeciso e consultou o Dr. Maia, que se manifestou contra a ideia. Estes acertos aconteceram na sede do Partido Social Democrático, um velho casarão edificado na esquina das avenidas Cândido Mendes e Presidente Vargas. A residência do Hamilton Silva era um pouco mais à frente, na mesma avenida, diante da casa Leão do Norte, que pertencia a família Zagury. Na sede do PSD corria a notícia de que Hamilton Silva sairia para o Macacoari na tarde do dia 20 de janeiro, levando encomenda para a fazenda do pecuarista Eugênio Machado, seu sócio no avião. A pedido do Dr. Maia foram chamar o piloto Hamilton. Depois de uma breve conversa, ficou acertado que o aparelho decolaria às 16h00min. No horário aprazado, o “Paulistinha”, prefixo CAP-9, deixou o campo de pouso da Cruzeiro do Sul rumo ao Macacoari. A bordo iam o piloto Hamilton Silva, o Sr. Eulálio Soares Nery, o dr. Coaracy e o Dr. Maia. Fora umas passageiras turbulências a viagem transcorreu sem problemas. À noite, após a ladainha, haveria festa dançante homenageando os ilustres visitantes, o que de fato aconteceu. Na manhã do dia 21 de janeiro deu-se a tragédia... Três vidas preciosas foram tragadas pelas chamas. O Amapá viveu momentos de profunda tristeza e desespero. Coaracy Monteiro Nunes foi o primeiro deputado federal, pelo Amapá e era irmão de Janary Gentil Nunes, primeiro governador do Amapá,a Câmara Federal perdia um dos seus mais brilhantes parlamentares, o Dr. Coaracy Nunes, nacionalmente conhecido como o “Deputado da Amazônia”. Coaracy Nunes era casado com a senhora Carmem Rocha Nunes. Deixou como órfãos: Coaracy Nunes Filho (19 anos em 1958); Carmemcy (18 anos), casada com o Sr. Fernando Figueiredo; Cláudio (17 anos); Joaquim Ascendino Neto (16 anos); Yara (11 anos); Moema (8 anos) e Maria das Graças (2 anos). Coaracy era irmão do Coronel Janary Gentil Nunes, primeiro governador do Amapá, que à época da morte do ilustre parlamentar era o Presidente da Petrobrás. Além dele havia mais cinco irmãos: Pauxy Gentil Nunes, Secretário Geral do Governo do Amapá; Ubiracy Gentil Nunes, funcionário do Instituto dos Comerciários no Rio de Janeiro; Dr. Amaury Gentil Nunes, Chefe de Gabinete da Presidência da Petrobrás, Yacy Suarez e Miracy Gentil Nunes Raposo, casadas e residentes no Rio de Janeiro. Em 1957, entre os meses de fevereiro a dezembro, cursou a Escola Superior de Guerra. Para isso licenciou-se da Câmara Federal, sendo substituído pelo suplente Hildemar Pimentel Maia.
               Depois de ser resgatado da fuselagem do avião, o corpo do Dr. Coaracy Nunes, reduzido a um pedaço de carne carbonizada com 60 centímetros, foi colocado em uma urna mortuária hermeticamente fechada. Na manhã do dia 22 de janeiro de 1958, duas urnas foram embarcadas no avião da Cruzeiro do Sul que se destinava ao Rio de Janeiro, com escala em Belém. Até a cidade de Belém, os amigos Maia e Coaracy permaneceram juntos. Na capital do Pará a urna com os despojos do Dr. Maia foi desembarcada. A urna do dr. Coaracy seguiu viagem e apenas à uma hora da madrugada do dia 23.01.1958 o avião da Cruzeiro do Sul pousou no Aeroporto Santos Dumont. A urna do dr. Coaracy Nunes seguiu para o Palácio Tiradentes, sendo velada até às 10 horas do dia 24. Falaram diversos oradores, entre eles o Ministro da Fazenda José Maria Alkmim. No Cemitério São João Batista, deputados e senadores se despediram do amigo. Os restos mortais do Dr. Coaracy foram inumados no túmulo n.º 3753 - A, Quadra 3. O Deputado Federal Lister Caldas, apresentou à Mesa da Câmara Federal, um projeto de lei que modificaria o nome do Território do Amapá, para Coaracy Nunes. Razões históricas impediram a aprovação do referido projeto. Várias homenagens foram prestadas ao Dr. Coaracy Nunes. Em Belém, foi inaugurada uma praça, na cidade velha, a 21 de janeiro de 1959. Na mesma data, um busto foi inaugurado em frente ao abrigo de passageiros do aeroporto internacional de Macapá. Dia 7 de fevereiro de 1958, através de decreto, o Governador Amilcar Pereira da Silva criou o Grupo Escolar Coaracy Nunes, hoje Escola de 1º grau. A Prefeitura Municipal de Macapá trocou o nome da Avenida Ayres de Souza Chichorro para Coaracy Nunes. Em 1975, quando a Hidrelétrica do Paredão foi inaugurada, a Eletronorte a batizou de usina hidroelétrica Coaracy Nunes. O Dr. Maia tambem recebeu diversas homenagens e honrarias,em Santana a vila da Mineradora ICOMI passou a chamar-se Vila Maia e em macapá a rua do aeroporto tambem recebeu seu nome em referencia ao desastre aereo que lhe ceifou a vida e em 02 de Março de 1962 a Prefeitura de Macapá denominou oficialmente a Escola do Elesbão de Grupo Escolar Hildemar Maia. O piloto Hamilton Silva foi homenageado dando nome a uma das avenidas mais importantes de nossa capital.

Fonte: Edgar Rodrigues. 
Texto pesquisado por Roberto Mesquita.
Extraído do endereço:porta-retrato-ap.blogspot.com
Foto:Hamilton Façanha